Good-bye Trump

O dia seguinte ao da sua toma de possessão como Presidente doe EEUU de América, o 21/01/2017, escrevi um artigo no Sermos Galiza titulado «Trump: a provocação e o egoísmo exclusivista», no que infelizmente acertei na descrição do que representaria a sua governança. Hoje despedimo-lo com toda alegria porque consideramos que se põe fim, polo menos provisório, a uma etapa negra na história da humanidade e do mesmo planeta no que vivemos.

Por Ramón Varela | Ferrol | 12/11/2020

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Trump representou o triunfo das ocorrências, que se pôs de relevo no recurso aos twitters, muitas vezes intempestivos e pouco meditados, como meio de comunicação com a cidadania. Com isto evita ter programas sérios e coerentes de atuação em vez de acudir às bravatas momentâneas. Representa o triunfo do despotismo reacionário, ou seja no capricho como modo de atuação, a não submissão a normas e o desprezo dos governados que não apoiam a política do líder. Um bom dia pactua com México, mais dias mais tarde racha o pacto. O triunfo da arbitrariedade vai de par com o desprezo da ciência e da própria natureza até limites incríveis. Todo o que contraria os seus interesses de classe é negado: nega o câmbio climático, o coronavirus.
 
O governante do país mais poderoso da Terra pôs todo o seu empenho em eliminar o seguro médico que pagam os indivíduos do seu país e não o governo, se bem recebem ajudas deste em caso de não superar o quádruplo do limiar da pobreza, com a finalidade de que ninguém deixe de ter um seguro em casos de doença. Isto facilitou que o coronavirus segasse a vida de milhares de cidadãos estadunidenses, com uma atitude de passividade e de provocaç4ao do seu governo federal. Esta política contra as classes mais baixas da sociedade foi de par com uma rebaixa elevada dos impostos aos ricos, o qual indica que só olhou para a sua classe social.
 
Segundo ele, o governante sabe mais que todos os científicos no que se refere ao câmbio climático, que se traduziu no incremento da extração de cru por parte das multinacionais de EEUU, incrementando os ganhos das empresas e contribuindo assim mais à contaminação atmosférica e, paralelamente, na retirada do acordo de Paris por parte de EEUU, obrigando aos demais países a assumir em solitário a luta contra o câmbio climático. Isto somente pode ser obra do maior egoísmo insolidário que conheceu a humanidade.
 
Este governo classista que diminui os impostos pagados polos ricos e rebaixou as ajudas aos mais pobres, incrementou as desigualdades sociais e as tensões internas e a polarização dos governados, criando do caldo de cultivo para a radicalização e explosão social, em pessoas já muito sensibilizadas com certas atuações policiais. A sua reação perante a eleição de Biden como presidente indica que, para Trump, o resultado eleitoral só é democrático e constitucional se ele ganha; aliás, negou-se a cerrar cárcere de Guantánamo, apesar de quebrantar todas as normas de direito internacional.
 
Essa atuação incoerente e arbitrária levou-a também às relações internacionais, de tal modo que um país chamado teoricamente a liderar o futuro da humanidade, está mais isolado que nunca, e, portanto, incapacitado para liderar os demais países. É difícil saber quem são os seus amigos, mas sim é muito fácil detetar por todas partes os seus inimigos e os que estão desconformes com a sua política: China, UE, e não digamos já países como Cuba, Venezuela, Bolívia, Irão... Com este último país rachou também o acordo que assinara com EEUU, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, para congelar o seu programa nuclear, que teve como consequência que lhe seja agora mais fácil ao país asiático lograr os seus objetivos de dotar-se com a bomba atômica. Parece que é o único meio de dotar-se de segurança. Com Cuba converteu também em papel molhado o acordo que assinara com Obama.
 
Damos-lhe a bem-vinda a Biden, ainda que devemos ter claro que Europa tem que construir autonomamente o seu caminho. Contudo, creio que podemos dizer que a nova administração americana tem à sua frente pessoas mais sérias, com as que se pode dialogar, e que cumprirá os acordos que se possam alcançar. Consideramos muito positivo que se comprometesse a respeitar os acordos de Paris sobre o câmbio climático.

Viñeta de Hermanager sobre Donald Trump
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Ramón Varela Ramón Varela trabalhou 7 anos na empresa privada e, a seguir, sacou as oposições de agregado e catedrático de Filosofia de Bacharelato, que lhe permitiu trabalhar no ensino durante perto de 36 anos.